segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um Serviço Secreto às Segundas

Enquanto uns e outros estão preocupados com eleições no Irã, artefatos nucleares na Coréia do Norte e a morte do Rei do Pop a chapa está esquentando naquele pedaço do inferno conhecido como Afeganistão. Não bastasse o país ser um covil de terroristas escondidos, não bastasse militares paquistaneses estarem se bandeando pro lado da Al-Qaeda e fugindo pra lá, na comunidade de inteligência eles ainda tem outro problema: um serviço secreto oficial e outro clandestino.

De um lado a nova NDS e do outro lado, o que restou da antiga Khadamat-e Etela'at-e Dawlati, a KhAD.

A KhAD foi controlada pela antiga União Soviética durante a ocupação, herdando métodos e técnicas do bom e velho Comitê, ou seja: assassinato, intimidação, sequestro, tudo que consta no manual. Isso criou uma espécie de esquizofrenia política nos operativos afegãos mas, ainda sim, com lealdade assegurada à Moscow. o KhAD fazia de tudo, de polícia secreta nacional até treinamento de órfãos de guerra para milícias controladas pela agência. Diversos informes a Anistia Internacional mostram que o passatempo dos chefes da KhAD eram os julgamentos com cartas marcadas, tortura e assassinato. Aparentemente 27.000 prisioneiros políticos foram sumariamente executados nas últimas décadas.

Resultado, uma instituição tão poderosa no afeganistão quanto a KGB na ex-URSS não poderia gerar outra coisa que a clandestinidade de seus integrantes durante seu desmantelanto e reorganização. Como na Máfia Russa, ex-operativos do KhAD agora administram uma boa parte dos territórios ocupados e criam uma baita confusão que os americanos tentam controlar até hoje.

Não que o novo Diretório nacional de Segurança, ou Amaniyat, seja menos feroz. Mas ao menos seus métodos são observados mais de perto pelas comunidades de inteligência aliadas e serve de canal de informações para o que está acontecendo lá.

E com rumores de que ex-KhADs estariam alimentando de informações os insurgentes afegãos e agindo diretamente contra os interesses da CIA, o pensamento vigente é de que um amigo mau caráter ainda é melhor do que um inimigo.

Seja como for, aquela terra de ninguém que serviu de covil para Osama Bin Laden ainda vai dar muito o que falar nos próximos anos. Seja em novos conflitos ou em livros melosos e filmes ruins tipo "O Caçador de Pipas" nas prateleiras de supermercados.

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