terça-feira, 15 de setembro de 2009

Contos de Espionagem



Capítulo 10 - Um Jogo Para Dois

Enquanto as mãos de ßønd cravavam-se nos quadris de Sarah puxando-a para si, penetrando-a mais e mais fundo, ele sentia o seu perfume e observava excitado o balançar de seu cabelo e percebia que ela não mudara quase nada desde a última vez que estiveram tão próximos. Talvez um pouco mais velha e experiente, sim, mas a insolência em seus olhos, o calor que emanava de seu corpo e a ilusória sugestão de ingenuidade ainda estavam ali intactas.

Uma estocada forte a fez levantar o rosto e abafar um gemido que só a antecipação do gozo poderia provocar. Aumentou o ritmo, desajeitadamente beijando suas costas e velozmente a consumindo profundamente como se fosse a última mulher de sua vida.

Subitamente, a virou, ergueu seu delicado corpo nos braços e a sentou na enorme escrivaninha ao lado da cama do apartamento onde estavam. Abrindo suas pernas, postou-se no meio delas e lentamente se aproximou num encaixe perfeito, quente, até que suas bocas estivessem próximas o suficiente para um beijo, que ela retribuiu vorazmente. Algumas horas se passaram quando ßønd finalmente acordou e viu Sarah Bat-Seraph dormindo ao seu lado na cama, que ele não esperava estar esta noite e também onde tudo começou.

--X--

Após a fuga, ßønd decidira se abrigar aonde seus perseguidores não conseguiriam deduzir... na propriedade do seu contato assassinado. O Aston Martin brilhava por entres as vielas agora escuras do Jardim Europa, observado por poucos transeuntes e vigilantes que pareciam não estar familiarizados com seu automóvel. Sabia que era uma questão de tempo até serem localizados pela polícia local, caso alguma testemunha os tivesse visto partir.

"Eu sei que você sabe onde estas chaves se encaixam, Sarah." - disse balançando o chaveiro que retirara do corpo de Schuved.

"Sim, eu realmente sei. Mas não iremos para o apartamento dele. Ele possui um outro local que é ideal para nós e do qual poucos sabem a respeito."

Ela o conduziu até um bairro discreto e pequeno perto dali, limitado por avenidas, numa área nobre da cidade. Sarah parecia conhecer muito bem o caminho e - principalmente - a casa de Schuved. Ele se surpreendeu. A relação deles era mais profunda do que imaginara, mas não era hora de pensar em mexericos, e sim em sobreviver a esta noite em algum lugar seguro.

Ao estacionar o Aston e travar seu sistema de segurança no nível máximo subiram em seguida a escadaria para andar superior que se revelaria a entrada de um espaço único, como um loft, muito bem decorado com detalhes étnicos nativos e pouco lembrando a origem de seu dono, a não ser por alguns livros políticos em estantes de madeira de lei e símbolos judaicos aqui e ali dispersos. Lembrava a ØØ7 sua casa no campo, onde usava para fugir dos problemas e levar novas namoradas e amantes.

Um refúgio desligado de sua vida cotidiana. Sentiu certa simpatia pelo homem que agora jazia morto em algum lugar da cidade e que abusavam de suas posses neste instante. Sarah estava sentada na cama queen size, espalhada, retirando sua arma do coldre em suas coxas, retirando o pente e colocando ambos em cima do criado-mudo. Seu olhar tornando-se distante a cada segundo e sua boca nada dizendo.

Ele olhou ao redor e encontrou algo desconcertante. Fotos de Sarah sozinha ou acompanhada do homem que conhecera brevemente, mais jovens e felizes, sempre com um sorriso inocente e descontraído. Então ßønd percebeu que cometera um erro de julgamento que agora estava claro à sua frente.

Aproximou-se de Bat-Seraph e disse :
" Não era seu amante... era... "

Ela voltou apenas o rosto e por alguns instantes o analisou, pensando na resposta e se ela deveria mentir ou dizer a verdade. Algumas lágrimas desceram sem controle, ao que ela revelou :

" ... fomos criados como irmãos."

Sentiu que deveria ficar em silêncio agora, entretanto, a curiosidade era mais forte do que ele - "E como conseguiu esconder isso do serviço de inteligência ?"

"Eles sabiam." - respondeu e após respirar fundo, continuou : "após nosso ingresso no Mossad, foi decidido que deveríamos mudar de identidade e histórico para que nossa família não fosse alvo de retaliações."

Tudo se encaixava perfetamente, se fosse verdade. A sensação familiar e o incrível conhecimento dos caminhos da cidade. O motivo verdadeiro pelo qual tinha sido escolhida para ajudá-lo. Não tinha a ver com seu passado em conjunto e sim, como uma imensa vantagem ter uma agente que conhece o campo de batalha. Mas o preço disso saiu caro demais para ela.

"Então Sarah Bat-Seraph seria, na verdade... Ruth... Mariah.. ?" - perguntou.

"Sarah... Sarah Kadoch. Eu pedi que este link com meu passado fosse mantido. E acabei me acostumando com Bat-Seraph. É um nome imponente, não acha ?" - sorriu de sua própria amargura. Ela estava muito vulnerável, talvez pela primeira vez em anos e ßønd não quis pressiona-la mais. Tantas perguntas gostaria de fazer mas as que importavam para o momento estavam muito transparentes.

Por uma questão de urgência, o Mossad permitiu que ambos trabalhassem juntos neste caso. Para todos os efeitos a sua relação para os olhos de quem não os conhecia passaria como de amantes e não de família, o que justificaria visitas e contatos ocasionais, cuja ocorrência se disfarçaria de atitude anti-ética entre profissionais e nada mais. Outros serviços de inteligência jamais permitiriam isto, mas o Mossad era diferente e já sacrificara tanto de seus membros que este pequeno arranjo era considerado misericordioso.

"Sinto pela sua perda, mas não ficará sem punição. Você sabe disso. Cedo ou tarde, alguém terá que responder por isto." - tentou confortá-la mas isto não era exatamente sua especialidade. Ela apenas concordou com a cabeça, cujas lágrimas já secavam.

Depois de se acomodarem no elegante loft e após preparar um jantar adequado, a conversa entre eles continuava profissional e distante, sempre calculando e planejando. Em algum momento, ßønd sentiu que mais nada poderia ser feito e disse:

"Temos que descansar pois amanhã será um dia cheio." - Quando ele se preparou para ir dormir na ama que fizera no chão, ela o pegou pelo braço, detendo-o.

"Ainda não."

Seus olhar mudou, implorando por conforto. Talvez esta fosse a sua maneira de lidar com a dor ou talvez fosse uma atitude desesperada. Podia ser apenas o sexo pelo sexo, coisa da qual ele sabia que Sarah seria capaz. Mas agora, no tempo presente, onde ßønd enchia um copo de leite para ajudar a dormir, ele tinha certeza de que, seja qual fosse o motivo pelo qual ela o arrastara para a cama e ficara completamente nua na sua frente, livrando-se da camisa que vestia no lugar do surrado vestido estampado, ela jamais recusaria a oportunidade de confortar a mulher que despertava nele sempre os desejos mais impuros.

Porque, afinal, isto sim era sua especialidade.

Fim do Capítulo 10
 
BlogBlogs.Com.Br