segunda-feira, 18 de maio de 2009

Contos de Espionagem



Capítulo 7 - Brinquedos Para Crianças Grandes

A ducha quente da adequada suíte do Tulip Hotel não podia se comparar àquela que instalara em seu apartamento em Londres ou de sua casa de campo no interior, mas mesmo assim Jåµë§ ßønd sentia-se satisfeito em finalmente estar confortável e poder livrar-se das roupas que estava nas últimas 16 horas. Por mais que adorasse a primeira classe aquele leito ainda era, no final das contas, um cubículo de pouca privacidade e liberdades pessoais. 

Mesmo não estando em sua melhor disposição pelo fuso horário, o banho revigorara uma boa parte de seu ânimo. Secou-se muito rapidamente e vestiu seu próprio roupão que trouxera de casa o que lhe fazia sentir como que vestindo um pouco de seu lar. Verificou o frigobar e encontrou uma aceitável vodca, a seguir escolheu um copo apropriado e serviu-se alguns dedos do líquido incolor. Não se interessava particularmente pela dúvida de sua origem (polonesa ou russa) mas neste momento abençoava quem quer que a tenha engarrafado. 

Depois de um longo gole serviu apenas mais uma dose e caminhou até a cama onde escolhera roupas limpas  e sapatos, guardou seu relógio Omega e outros itens que certamente não seriam postos à venda no e-bay, cedidos pelo chefe da Seção de Armas e Tecnologia - conhecida pela alcunha de Seção Q

Os longos minutos à disposição das instruções do Quartermaster - cientista-chefe da Seção Q - sobre detalhes tecnológicos só podiam ser menos enfadonhos graças às agradáveis disputas verbais entre ambos e à capacidade de suas invenções. Claro que a impressão era de que apenas ele, ßønd, se divertia do pouco caso com que tratava traquitanas no valor de milhões de libras. 

Ao afivelar o belo relógio, repassou mentalmente a noite anterior, logo após ser instruído por M, quando encontrou-se com o velho Q e tentava imaginar que surpresas o laboratório e sua equipe o esperavam. 

"Agora preste atenção, ØØ7." - disse Q assim que ele o cumprimentou na noite anterior. Carregava um dispositivo em suas mãos que ßønd reconhecera instantaneamente. 

"Um iPhone, Q ?" - comentou - "Receio que alguém já inventou isso."

"Um com um fascinante dispositivo escuta celular de qualquer freqüência ou operadora ? Eu duvido." - respondeu Q. 

"Ah... " - ßønd fingiu bocejar, o que não abalou o Quartermaster - "e como funciona ?" 

"Na verdade, é muito simples. Você aciona este botão aqui, aponte para a direção do alvo que deve SEMPRE estar há uma distância de, no mínimo, 50 metros. Algumas conversas extras podem aparecer, então rotacione o botão para calibrar a freqüência desejada do eletronic serial number da vítima e trave pressionando o botão de baixo. Pronto. "

ØØ7 o tomou de suas mãos e vasculhou a área ao redor... o som cacófato de algumas pessoas surgiu a princípio e ele apontou para a direção do escritório da Srta. Moneypenny. Após sintonizar por alguns momentos soltou um leve riso. Diante do rosto aborrecido de Q, ele desconectou o fone de ouvido e procurou por um computador com caixa de som. 

Ao conectar o fone, aumentou o volume, assustando a todos no recito e provocando torrentes de risos a cada parte do íntimo diálogo : 

" ... mas, Penny, não me diga que ainda não foi pra cama com ele ?! Isso é um desperdício. " - uma voz levemente estridente precedeu a melódica voz de Moneypenny. 

"De fato, Jillian, mas se me perguntasse eu lhe diria que nem preciso leva-lo para cama. A minha mesa do escritório já suportaria nosso peso !"

"Penny, sua sem vergonha... "

Q saiu de sua surpresa e arrancou abruptamente o fone. 
ßønd não deixou por menos : " Tem razão, Q, é fascinante ! "
"Quando você vai crescer, ØØ7 ?" - respondeu. 

Dando-lhe as costas momentaneamente, o velho armeiro buscou dentre suas em sua prateleira um outro aparelho para demonstrar. Quando verificou que estava seguro mostrou a ßønd. 

"Vamos voltar ao trabalho... olhe bem isto." - e entregou em mãos. 

ßønd analisou o aparelho muito seriamente, contornando e sentindo com os dedos. Pareceu desistir de adivinhar. 

"Suponho que isto seja um... pen drive ?"

"Muito bem, ØØ7 ! Pelo visto, resolveu realmente se juntar a nós no século XXI. É um pen drive com capacidade de 250GB de informação e é preparado para armazenar quaisquer dados armazenados com 1024bits de criptografia. Em todo o caso, se houver interceptação, há uma opção interessante. "

Fez uma pausa dramática. 
ßønd resolveu lhe dar uma colher de chá. 

"E qual é ?"

"Esta trava aqui do lado fará com que se autodestrua em cinco segundos. "

"Ora, eu vi este filme. Dizem que vão filmar a parte 4."

Q sorriu de lado pela primeira vez desde o início e disse : 
"Apenas este você tem permissão de explodir."

Ambos riram, neste momento. 

Depois, Q puxou do bolso mais duas coisas, como se houvesse esquecido de mencioná-las. 

"Tome, ßønd. O seu relógio acabou de voltar da manutenção. A potência do laser foi ajustada e reduzida mas ainda é suficiente para cortar superfícies como vidro, etc. "

E fez outra pausa, seguida de um muxoxo, ao entregar o último item. 

Mesmo agora, em seu quarto de hotel, muitas e muitas horas depois destes momentos, ßønd brincava entre as mãos o passe para o mais precioso aparelho já construído pela Seção Q

Checou seu visual uma última vez no espelho, depois de totalmente vestido com seu costume Brioni azul escuro, sem gravata e seus sapatos mais confortáveis de couro negro. Telefonou para a recepção, ditando todas as instruções necessárias e demandas para as próximas horas. Trancou a porta do quarto e chamou o elevador. 

Ao descer na avenida à beira-mar, percebeu a eficiência com que seu pedido ao manobrista havia sido atendido. Entregou seu passe a ele, que lhe entregou a chave personalizada do estupendo Aston Martin DBS, todo negro, estacionado agora à sua frente. Chegara primeiro que ele por avião de carga, não sujeito à atrasos ou desvios. 

Ao sentar-se no banco do motorista, lembrou-se das últimas palavras trocadas com Q, quando se despediram em Londres. 

"Este é o mais despendioso que já produzimos, ßønd. Mísseis stinger. Carroceria eletrificada. Armas detectoras de movimento. Uma bateria maior para sistema de camuflagem invisível. Todos os acessórios anteriores num só carro. O poder de fogo dele rivaliza com nossos melhores tanque de guerra. Custou 50 milhões de libras, ØØ7."

Ao notar que ßønd nada dizia, finalizou : 
" NÃO. DESTRUA. ESTE. "

"Vou cuidar dele como se fosse meu, Q."
"É disso que eu tenho medo, ØØ7"

A lembrança desta última frase dita o fez sorrir, se ajeitar no delicioso assento do Aston Martin e arrancar gastando seus caros pneus, partindo velozmente para seu compromisso com Sarah Bat-Seraph. 

Fim do Capítulo 7

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
BlogBlogs.Com.Br