segunda-feira, 1 de junho de 2009

Contos de Espionagem



Capítulo 8 - O Triâgulo

Assim que chegou ao hotel e cruzou as portas da suíte reservada para eles, Bat-Seraph avisou que iria entrar em contato imediatamente com seus informantes, a maioria pertencente à comunidade judaica local. Muito pouco de excitante acontecia neste canto do mundo que pudesse interessar ao Mossad, entretanto, para dias como esses é que o serviço de inteligência israelense se antecipava.

Fez algumas ligações e marcou um encontro. Avisou a ßønd que tinha que sair primeiro para recebê-lo. Deixou um aviso com o endereço de um restaurante com a hora ideal para sua chegada e já se retirava em carreira quando de lance de olho percebeu sua mala ainda aberta.

Foi até ela e ao puxar o zíper olhou na direção do chuveiro, onde agora Jåµë§ se banhava. Sorriu maliciosamente e puxou algo do fundo da mala, levando consigo.

Quando ßønd finalmente saiu da sua demorada ducha, encontrou apenas as indicações de Bat-Seraph e um bloco de notas.

Ao volante do poderoso Aston Martin, Jåµë§ ßønd puxou do bolso interno do paletó a folha arrancada. Não conhecia muito de São Paulo, então não se afastou do caminho traçado pelo GPS. Estacionou, ainda que com alguma dificuldade, bem perto da pequena rua próxima ao famoso centro de consumo paulista da Oscar Freire.

Seu instinto lhe dizia para não ir desarmado, porém ao carregar sua pistola não levou nenhum clipe extra tentando ser, só esta noite, um pouco otimista. Afinal, era apenas um encontro preliminar.

Carregava em seu bolso apenas documentos, dinheiro, a chave do Aston e no coldre discreto a ASP 9mm. Deu boa noite à eficiente e linda hostess do restaurante e logo encontrou Bat-Seraph sentada no canto em companhia de um homem jovem e muito bem vestido. Jovem demais para este tipo de trabalho. Aparentavam estar bem confortáveis um com outro, denotando conhecimento prévio.

Ele a admirou por muito tempo antes de se aproximar. Todo o seu corpo agora sendo contornado por um vestido preto, provocante mas na medida certa, que valorizava e mostrava muito mais do que ela ousaria mostrar em seu país natal, ele imaginava. Mas aqui, nesta latitude, ela estava à vontade para tentar e seduzir com sua sinuosidade todos os homens presentes. Inclusive ßønd. Um pensamento o ocorreu. Onde ela teria conseguido se arrumar que não fosse no hotel ?

Com seu peculiar autocontrole, desanuviou estes pensamentos, deixando-os de lado como se nunca existissem e se aproximou de ambos pegando-os sutilmente de surpresa.

"Boa noite" - ele disse interrompendo a conversa. Ele notou que ela estava também à caráter.

"Olá, Jåµë§! Que bom que se juntou a nós." - disse ironicamente - "este é George Schuved."

O jovem o analisou com os grandes olhos e em seguida perguntou: "E acredito que o senhor é... "

"ßønd. Jåµë§ ßønd." - ele completou, já se adiantando em apertar sua mão.

"Prazer... posso chama-lo de Jåµë§? Nós não somos muito formais aqui."

"Naturalmente." - ele consentiu com o balançar do rosto - "mas, em que ponto estamos na conversa ?"

"Hmm... estritamente negócios, huh? Ok... deixe-me ver... ah, sim. Mohamed Ibn Batut está numa cela especial no consulado esperando transporte para Guantanamo."

"Qual acusação? Só por fraudar passaportes?" - perguntou ØØ7.

"Obviamente, não. O senhor Ibn Batut parece estar ligado a bem mais do que isso e a polícia federal brasileira esteve trabalhando com a Interpol tentando implica-lo como cúmplice em alguns recentes atentados em Bagdá e em Beirute contra cidadãos americano-israelenses. Por uma extrema falta de sorte ele foi preso há dois dias e está sendo mantido lá até agora sem que ninguém apele por ele. O governo americano assumiu com o consentimento da República que quer, na verdade, se livrar deste inconveniente."

"Mas existe a possibilidade de falarmos com ele, não é mesmo?" - Sarah Bat-Seraph resolveu participar da conversa.

"Sim, sim... mas como eu havia dito antes de chegarmos ao restaurante, ele não está falando com os americanos. Não confia em nenhuma das promessas deles. E quem pode culpa-lo?"

Bat-Seraph e Schuved soltaram um abafado riso, seguido de outro de ßønd.

Sentiu sede e resolveu pedir algo para beber. Fez sinal para uma garçonete que tinha acabado de sair da cozinha que prontamente o atendeu.

"Por favor, eu gostaria de um vodca-martini." - ele reparou que seus olhos eram muito atentos, ansiosos - "Batido, não mexido."

A garçonete anotou sem demonstrar nada perante o pedido pouco usual e nem pediu maiores explicações. ßønd achou que seu drinque favorito estava provavelmente na moda ou algo parecido. Talvez fosse hora de ser original ou deveria permanecer no clássico? Distraído por estes pensamentos, mas nem tanto, assistiu Bat-Seraph e George Schuved acertando o próximo passo, uma visita agendada à Ibn Batut logo pela manhã.

Quando o martini chegou, sorveu um gole e o deixou no único espaço livre de canetas, agendas e anotações... perto de Bat-Seraph. Encostou de leve em sua mão, fazendo com que ela se retraísse. Uma atitude estranha vinda de Sarah. George assistiu a cena e nada comentou.

Nesse momento, ßønd deduziu tudo.
A troca de vestido.
A aparente cumplicidade de ambos.
O ciúme discreto.

Observou fixamente os possíveis ex-amantes com ar triunfante e continuou a ouvir atentamente o plano. Em certo momento, George Schuved anunciou :

"Acho que por hoje é só, amanhã temos que acordar muito cedo. E eu odeio acordar dedo demais, Sarah. "

"Olhe só, eu também... " - disse ØØ7, olhando cinicamente para Sarah - " ... parece que temos mais uma coisa em comum. "

Antes que Schuved ou Bat-Seraph pudessem argumentar seu comentário, ele pegou sua taça de martini para um último bom gole. Um frio percorreu seu estômago quando um facho de cor vermelha - normalmente invisível - iluminou a taça, indicando a direção de uma mira laser.

ßønd e Bat-Seraph reagiram ao mesmo tempo. Ela pulou em direção ao ponto de luz no peito de Schuved. Mas ßønd a empurrou para o chão, muito mais forte. O som muito baixo de uma janela perfurada foi audível apenas para os presentes mais próximos.

"Saia de cima de mim !" - ela o virou para o lado procurando por Schuved. Sabia exatamente o encontraria antes mesmo de ver o corpo. George Schuved estava ao chão e tentava falar alguma coisa mas o sangue jorrava de sua boca impedindo qualquer palavra inteligível. ßønd sabia que era uma questão de segundos para que ele morresse e nada poderiam fazer para evitar... a não ser localizar seu algoz.

O público do restaurante percebera o ocorrido e entrara em pânico total, empurrando os que não conseguiam sair mais velozmente. Mas em pouco tempo, o ambiente ficou vazio.

Pegou Bat-Seraph pela mão e a puxou para perto. Ela já estava com sua arma em punho, tirada do pequeno coldre em sua coxa direita pronta para matar. Estava recomposta mas seus olhos emavam uma ira contida.

" Ele morreu. " - disse devagar.

ßønd puxou sua pistola, se amaldiçoando por ter não ter trazido mais munição e lembrando que seu carro estava a 100 metros dali, espaço suficiente para serem pegos, caso fosse um esquadrão de assassinos.

"Vamos torcer para não termos o mesmo destino."

Fim do capítulo 8

Um comentário:

  1. Opa.. todos os filmes 007 para download se encontram aqui..

    http://edfisicabra.blogspot.com/2009/06/especial-007-em-breve.html

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